João Batista Silva
Textos
Mitos e Lendas
Às sete horas e trinta minutos do dia primeiro de abril, um sábado, em que, de manhã o sol já era escaldante. Parecia mais épocas finalizadoras do verão. Um português, da cidade de Coimbra, que se mudou para o Brasil, estabelecendo-se na Região do Centro-Oeste Mineiro, convida alguns amigos para uma excursão à margem do Rio São Francisco. Senhor Rodolfo, o português, não esquece os apetrechos de pescaria e na primeira oportunidade foi conferir os velhos pesqueiros, que conhecera em outras ocasiões. O dia, o local, prometiam uma pescaria inédita e o Sr. Rodolfo, se esqueceu de consultar o relógio Ômega, folheado a ouro, duas tampas, XIV R, que havia herdado de seu pai. E o tempo foi passando, até que a senhora Margarida Helena, sua esposa, muito preocupada, resolve pedir à filha Dayse, a caçula, para ir ao encontro do pai.
Sua filha, a mocinha mais linda de toda a região, sai descalça, direcionada ao rio. Logo à frente, uma grande lagoa, conhecida por Lago das Sereias, um local onde todos temiam pescar, ou até mesmo molhar os pés naquela água. Peixes, patos, animais disputavam o espaço em bandos e cardumes. A pequena se encantou e procurou um local sombrio para descansar e apreciar a beleza selvagem da localidade. Os surubins nadavam de um lado para outro e ela ali a distrair-se, como se não existisse ninguém mais por aquela região, somente ela, a natureza e seus pensamentos.
Mas aquele calor era ameaçador e já havia passado das quinze horas. Ela resolve despir-se, ficando apenas de... e joga-se nas águas quentes do lago. De repente... Uma caravana de pescadores descobriu as encostas e dirigiu-se em direção ao lago, com propósito de conferir a estória da sereia. As recomendações do líder foram feitas em tom de voz adequada, para não assustar a tal sereia. E lá se foram todos. Um pescador amador, mas conhecedor da topografia naquela região, conseguiu andar mais rápido e teve o privilégio de presenciar toda a cena. Ela estava a descansar deitada lateralmente à margem do lago, onde o bosque era coberto de árvores e uma sombra emocionante convidava para tal comportamento.
De repente, o silêncio!
Todos pararam e muito assustados. Voltaram imediatamente, amedrontados. Era o medo da sereia... Quando aquele ser mitológico, metade mulher, metade peixe, percebeu as visitas, jogou-se dentro da água, tentando se proteger.
Que ótimo! O pescador passou também por banhista, ou até mesmo por um interessado em divulgar a beleza, que acabava de ver e caiu água adentro também. Quando ficou próximo reconheceu-a. Era mesmo Dayse, filha do português Rodolfo.
Esse sonho o pescador Santiago Américo gostaria que não fosse sonho, que não fosse estória de pescador.
Mulher, onde quer que você esteja, a beleza está! Porque você é bela! Seus encantos são comoventes.

Bom Despacho, 07 de Outubro de 2004, às 07h.
João Batista Silva
Enviado por João Batista Silva em 14/03/2015
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