João Batista Silva
Textos
Shows e Serestas
Os showmícios semeavam barulhos por toda cidade naquele dia em que a Política esquentava os ânimos do povo nas vilas, bairros e distritos. Os cinco candidatos de números doze, treze, trinta e um, quarenta e quarenta e cinco, estavam no auge de suas campanhas democráticas. A opção de escolher o candidato, o local e até os apresentadores do programa, pesavam em muito sobre os concorrentes.

Graças ao trabalho do SESC Laces Bom Despacho, em parceria com os artistas da cidade e o povo admirador dos eventos culturais, enriqueciam os ânimos de muitos, que naquela noite de sexta-feira optaram por uma seresta, que comoveu, deixou saudades, levando muitos aos delírios das recordações de seu tempo de juventude e principalmente da juventude interior, que não se envelhece.

A antiga Praça do Céu, Praça do São José, Praça do Circo, ou Praça Antônio Leite de Oliveira se transformou no mais lindo palco de apresentação dos músicos, que deram a muitos eleitores o direito de se isentarem de propagandas políticas naquele dia e compartilharem com suas famílias, namorados, noivos e amigos. Foi uma apresentação extraordinária.

Quantas recordações reacenderam chamas que estavam apagadas ao longo do tempo, no silêncio imortal de muitos que ainda acreditavam no amor, como fonte verdadeira de ser feliz e transbordar felicidade.

A noite estava calma, o clima encomendado para o horário, que foi se estendendo após às vinte horas. Os proprietários de bares atendiam ao público e vendiam refrigerantes, cervejas, água e os mais variados sanduíches.

Alguns candidatos que residem naquela praça se fizeram presentes, mas respeitaram aquela multidão ali a delirar com seus artistas. Mesas e cadeiras completaram o espaço geográfico da praça. Dentre tantos casais, amigos que acompanhavam o espetáculo da noite, um casal de um lado da praça e as irmãs do outro lado, se destacavam em muito, nos comportamentos alimentadores das mais alinhadas condutas, incentivadoras das tomadas de posições, a favor das apresentações culturais.

O casal sonhador investia aspirações ambicionistas no interior de suas paixões e o comportamento dançarino se propagou em meio a tantas almas bondosas e alegres, vaidosas e corajosas, que aspiravam alegrias, saudades... Aquela multidão foi aos poucos se contaminando e contaminando os demais, que chegavam e se colocavam a usufruir.

Do outro lado da praça, as irmãs se colocavam a espalhar alegrias e uma outra dança no mesmo ritmo é claro, pois as músicas e os músicos eram os mesmos. Daquele lado, parece que o tempero diferenciava, de modo aquecedor. Todos se jogaram nos braços uns dos outros a distribuir, a passos lentos e delicados, as mais suaves danças, que encorajavam pais, irmãs, filhas, esposas, amigos e muitos, que tiveram oportunidade de ver seus apaixonados de outrora, do século passado, do milênio passado, de muitos que o tempo não conseguiu apagar de suas memórias, suas satisfações, opiniões e paixões.

Os dois apaixonados ao se encontrarem na praça, assustaram e se mantiveram imóveis por alguns instantes, até que aquela linda dama deixou escapar um “boa noite” ao amigo, que caiu como uma fonte tônica dos sentimentos, que aliviou em breve os desajustes românticos que existiam e olhares acalentadores focalizavam chamas contagiantes do desejo de estender a mão um ao outro, e envolver-se até o último suspiro de suas vidas, a nadar no mar de esperanças que não se apagam e não se apagarão jamais.

Esses foram os destaques daquela noite, em que muitas apaixonadas devem ter sonhado muitos e muitos outros sonhos idênticos. Até o próximo espetáculo se Deus nos permitir, é claro. Para que todos possam compartilhar juntos e transformar muitas imaginações em realidades.

BOM DESPACHO, 22 DE OUTUBRO DE 2004, 19:30 H.
João Batista Silva
Enviado por João Batista Silva em 08/05/2018
Alterado em 08/05/2018
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